Vivemos em uma época em que olhar uma foto já não basta para saber se ela é real. O Google Nano Banana, novo modelo de IA de geração de imagens, e tantas outras ferramentas estão tornando cada vez mais difícil diferenciar o que foi registrado por uma câmera daquilo que foi produzido por um algoritmo.
O grande diferencial do Google Nano Banana está na capacidade de gerar imagens realistas em altíssima qualidade mesmo a partir de prompts muito simples, tornando a criação acessível a qualquer pessoa, sem necessidade de conhecimentos técnicos avançados. Isso significa que, com poucos comandos, é possível colocar uma mesma pessoa em diferentes cenários – como em uma sala de aula, escrevendo no quadro ou até em uma horta escolar.
Figura 1: A primeira imagem é real, obtida a partir de uma câmera fotográfica, enquanto as outras foram geradas pela plataforma Gemini através da tecnologia do Nano Banana.
Esse poder de síntese e realismo amplia as possibilidades criativas, mas também aumenta a responsabilidade ética: se antes a manipulação de imagens exigia softwares complexos, agora basta uma frase para transformar a realidade.
Essa realidade nos obriga a fazer uma pausa e refletir: se até nós, adultos, podemos ser enganados por uma imagem, como ficam nossos alunos – jovens que crescem imersos no digital?
O poder e o risco das imagens criadas por IA
As inteligências artificiais generativas têm um potencial criativo gigantesco: podemos produzir ilustrações para um recurso pedagógico, criar cenários para histórias em quadrinhos ou até simular situações que ajudam no aprendizado.
Mas o mesmo poder que encanta pode também enganar. Imagens manipuladas podem reforçar fake news, distorcer a realidade e até prejudicar a reputação das pessoas. É aí que a ética entra em cena: como professores, não podemos apenas mostrar a tecnologia, precisamos ensinar a pensar sobre ela.
Um convite à sala de aula
Uma possibilidade prática é transformar esse desafio em experiência de aprendizagem:
- Mostre aos alunos uma sequência de imagens, incluindo uma real e outras geradas por IA.
- Peça que tentem identificar a verdadeira.
- Em seguida, inicie a reflexão:
- O que fez vocês acreditarem que a imagem era real?
- Quais detalhes despertaram dúvidas?
- O que essa experiência nos ensina sobre as imagens que circulam nas redes sociais todos os dias?
Mais do que descobrir a resposta certa, o objetivo é cultivar um olhar crítico e investigativo. É formar jovens capazes de não aceitar a primeira versão dos fatos, mas questionar, pesquisar e refletir antes de compartilhar.
Figura 2: Imagem produzida e editada na ferramente Napkin (acesso em https://app.napkin.ai/)
Educação para além da tecnologia
Quando levamos esse debate para a sala de aula, não estamos apenas falando sobre IA. Estamos falando sobre responsabilidade social, cidadania digital e ética.
Ensinar nossos alunos a questionar imagens é também ensiná-los a questionar narrativas, discursos e informações. É mostrar que a verdade exige cuidado, paciência e investigação.
✨ A tecnologia muda, mas a missão da educação permanece: formar pessoas conscientes, críticas e humanas.