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Governo de Dom Pedro II (1870-1889): O Crepúsculo do Império
O período entre 1870 e 1889 marca os últimos anos do Segundo Reinado no Brasil, sob o governo de Dom Pedro II. Este intervalo é caracterizado por profundas transformações políticas, econômicas e sociais que culminaram com a queda da monarquia e a proclamação da República em 15 de novembro de 1889. Esses anos foram marcados pelo desgaste da monarquia, pela intensificação do movimento abolicionista e pela crescente insatisfação das elites com o regime imperial.
Fim da Guerra do Paraguai e seus Impactos (1870)
A Guerra do Paraguai (1864-1870), conhecida como a maior guerra da América Latina, terminou em 1870 com a vitória da Tríplice Aliança (Brasil, Argentina e Uruguai). Embora o Brasil tenha saído vitorioso, o conflito deixou marcas profundas na sociedade brasileira. Mais de 50 mil soldados brasileiros morreram, e o país enfrentou uma crise econômica significativa. Além disso, a participação de ex-escravizados nas fileiras do Exército gerou questionamentos sobre a manutenção da escravidão, uma vez que muitos desses homens lutaram pela pátria em troca de promessas de liberdade.
O fim da guerra também reforçou o prestígio militar no Brasil. Os oficiais do Exército, que haviam liderado as batalhas, retornaram ao país com um sentimento de orgulho nacional e uma crescente influência política. Essa elite militar começou a se opor à monarquia, criticando sua centralização de poder e seu conservadorismo. Essas tensões entre o Exército e a Coroa se tornariam um dos fatores decisivos para o golpe republicano de 1889.
O Processo Abolicionista
O movimento abolicionista ganhou força durante este período, impulsionado por uma combinação de fatores internos e externos. A pressão internacional contra a escravidão, especialmente após a independência dos Estados Unidos e a abolição da escravidão no Caribe britânico, somada às mudanças econômicas no Brasil, contribuiu para o enfraquecimento do sistema escravista.
Principais etapas do processo abolicionista:
- Lei do Ventre Livre (1871): Conhecida como a “Lei Rio Branco”, esta legislação declarava livres todos os filhos de escravizados nascidos a partir de sua promulgação. No entanto, essas crianças permaneciam sob a tutela de seus senhores até os 21 anos, o que limitava seu impacto imediato.
- Lei dos Sexagenários (1885): Esta lei libertava os escravizados com mais de 60 anos. Apesar de simbólica, ela tinha pouca aplicação prática, já que poucos escravizados chegavam a essa idade devido às condições brutais de trabalho.
- Abolição total (1888): Finalmente, em 13 de maio de 1888, a princesa Isabel assinou a Lei Áurea, abolindo definitivamente a escravidão no Brasil. Embora celebrada como um marco histórico, a abolição foi implementada sem qualquer planejamento para integrar os ex-escravizados à sociedade. Eles foram abandonados à própria sorte, sem terra, educação ou oportunidades econômicas.
Obstáculos enfrentados pelo movimento abolicionista:
- Resistência das elites agrárias: Os grandes proprietários de terras, especialmente no Vale do Paraíba e no Nordeste, dependiam economicamente da mão de obra escrava e se opunham veementemente à abolição.
- Falta de apoio governamental efetivo: Dom Pedro II era pessoalmente favorável à abolição, mas adotou uma postura cautelosa para evitar conflitos com as elites escravistas.
- Divisões internas: O movimento abolicionista não era monolítico. Enquanto alguns grupos, como a Sociedade Brasileira contra a Escravidão, defendiam a abolição imediata, outros apoiavam medidas graduais.
Desgaste da Monarquia e Golpe Republicano (1889)
O final do Império foi marcado por uma série de crises que minaram a legitimidade da monarquia:
- Crise econômica e social: Após a abolição, muitos fazendeiros passaram a investir em imigração europeia para substituir a mão de obra escrava. Isso gerou tensões entre os trabalhadores estrangeiros e os ex-escravizados, além de aumentar o custo da produção agrícola.
- Distanciamento entre o imperador e as elites: Dom Pedro II, embora respeitado por sua erudição e moderação, era visto como distante das questões cotidianas do país. Sua saúde debilitada e a ausência prolongada de um herdeiro direto (a princesa Isabel era vista como uma figura fraca) enfraqueceram ainda mais o regime.
- Crescimento do republicanismo: Movimentos republicanos, liderados por figuras como Benjamin Constant e Quintino Bocaiúva, ganharam força nos centros urbanos. Eles criticavam a monarquia por sua falta de representatividade e por não atender às demandas populares.
- Aliança entre militares e republicanos: Em 1889, os republicanos encontraram apoio no Exército, insatisfeito com a monarquia por questões de prestígio e poder político. Liderados pelo marechal Deodoro da Fonseca, os militares derrubaram o Império em um golpe praticamente sem resistência.
Em 15 de novembro de 1889, Dom Pedro II foi deposto, e o Brasil foi declarado uma República. O imperador, junto com sua família, foi exilado na Europa, encerrando assim o Segundo Reinado.
Conclusão
O período entre 1870 e 1889 foi marcado por profundas transformações no Brasil, culminando com o colapso da monarquia e a ascensão da República. O processo abolicionista, embora triunfante, expôs as contradições de uma sociedade que não estava preparada para integrar os ex-escravizados. O golpe republicano de 1889 refletiu o descontentamento das elites militares e civis com o regime imperial, que, apesar de suas realizações, não conseguiu se adaptar às mudanças sociais e econômicas do século XIX.
Resposta final: O governo de Dom Pedro II entre 1870 e 1889 foi marcado pelo fim da Guerra do Paraguai, pelo avanço do movimento abolicionista e pelo crescimento das tensões políticas que culminaram na queda da monarquia e na proclamação da República. O processo abolicionista enfrentou obstáculos como a resistência das elites agrárias e a falta de planejamento para a integração dos ex-escravizados, enquanto o desgaste da monarquia foi resultado de crises econômicas, sociais e políticas.
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