Proclamação da República e os Governos da República da Espada

A Proclamação da República no Brasil ocorreu em 15 de novembro de 1889 , marcando o fim do regime monárquico que vigorava desde a independência do país, em 1822. Esse evento foi liderado por um movimento militar encabeçado pelo marechal Deodoro da Fonseca , com apoio de setores republicanos civis e militares. A transição para o regime republicano foi abrupta e não contou com ampla participação popular, sendo mais uma mudança conduzida pelas elites políticas e militares insatisfeitas com a monarquia.

Contexto Histórico

No final do século XIX, o Império Brasileiro enfrentava profundas crises políticas, econômicas e sociais. Entre os principais fatores que contribuíram para a queda da monarquia estão:

• O crescente descontentamento das elites agrárias e militares com a centralização política da Coroa;
• A abolição da escravidão em 1888 (Lei Áurea), que gerou tensões entre os fazendeiros tradicionais e a Coroa;
• A influência das ideias republicanas difundidas por intelectuais e grupos urbanos;
• O enfraquecimento simbólico da monarquia após a morte do imperador Pedro II e a ascensão de sua filha, a princesa Isabel, vista como uma figura menos carismática.

Assim, a proclamação da República foi um golpe de Estado orquestrado pelos militares, sem amplo debate ou consulta popular. A bandeira imperial foi substituída pela nova bandeira republicana, e Deodoro da Fonseca assumiu como chefe provisório do governo.

Os Governos da República da Espada

O período conhecido como República da Espada abrange os primeiros anos da República brasileira, entre 1889 e 1894. Esse nome se deve ao fato de que ambos os presidentes que governaram nesse período – Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto – eram militares. Seus governos foram marcados por instabilidade política, autoritarismo e tentativas de consolidar o novo regime.

Governo de Deodoro da Fonseca (1889-1891)

Após proclamar a República, Deodoro da Fonseca assumiu a presidência provisória do país. Seu governo foi caracterizado por:

• Centralização do poder: Deodoro dissolveu o Congresso Nacional e governou por meio de decretos, impondo medidas autoritárias.
• Constituição de 1891: Promulgada durante seu mandato, essa Constituição estabeleceu o federalismo, o regime presidencialista e a separação entre Igreja e Estado. No entanto, ela também refletia interesses das oligarquias agrárias, fortalecendo o poder dos estados sobre o governo central.
• Crise política e renúncia: Pressionado por revoltas militares e conflitos com o Legislativo, Deodoro renunciou à presidência em novembro de 1891, após pouco mais de dois anos no cargo.

Governo de Floriano Peixoto (1891-1894)

Conhecido como o "Consolidador da República", Floriano Peixoto assumiu a presidência após a renúncia de Deodoro. Seu governo foi marcado por:

• Autoritarismo: Para enfrentar revoltas e ameaças ao regime republicano, Floriano adotou medidas repressivas, incluindo intervenções militares e censura à imprensa.
• Repressão às revoltas: Ele combateu diversas rebeliões, como a Revolta da Armada (liderada por marinheiros insatisfeitos) e a Revolução Federalista (conflito entre republicanos positivistas e liberais no Sul do país).
• Fortalecimento do regime: Apesar das críticas ao seu estilo autoritário, Floriano conseguiu consolidar a República, garantindo sua sobrevivência em meio a um contexto de instabilidade.

Legado da República da Espada

Os governos da República da Espada deixaram marcas importantes na história política do Brasil:

• A transição do regime monárquico para o republicano foi conduzida de forma autoritária, sem ampla participação popular.
• O período foi marcado por instabilidade, mas também por esforços para consolidar o novo regime.
• Após a saída de Floriano Peixoto, o Brasil ingressou na chamada República Velha (1894-1930) , dominada pelas oligarquias agrárias e pelo sistema político conhecido como "política dos governadores".

Em suma, a Proclamação da República e os governos da República da Espada representam um momento crucial de transformação política no Brasil, embora tenham sido permeados por contradições e desafios que moldaram os rumos do país nas décadas seguintes.